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terça-feira, 1 de abril de 2014

O primeiro furo

 A recente pesquisa divulgada pelo IPEA ( Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ) em que 58 por cento dos entrevistados consideram que a mulher ''pede'' para ser estuprada por não se vestir adequadamente, expôs, na minha opinião, um mal que assola o povo brasileiro. O mal da ''A culpa não é minha''. Mesmo o fato, infelizmente latente na nossa sociedade,  de que algumas mulheres não se dão o devido respeito, seja ele na vestimenta assim como no aspecto comportamental, nada justifica o cometimento de um crime sexual com a justificativa de que a vítima o provocou. Mas é mais fácil colocar a culpa na vítima.

A falta de caráter e de um comportamento social adequado, assim como um eventual distúrbio sexual/psicológico apresentado pelo executor, não pode ser simplesmente justificado pela ''pouca'' roupa da vítima ou por qualquer outro tipo de incitação voluntária ou involuntária da mesma.  Mas o mal da ''A culpa não é minha'' está presente em outros âmbitos da nossa sociedade.

A falta de educação, de consciência social e responsabilidade da sociedade aliada ao fato da mesma ser mal gerida pelos nossos governantes cada vez mais corruptos e omissos, resulta em cenas cada vez mais presentes no nosso cotidiano. Quem por exemplo não se lembra dos trágicos episódios recentes na região serrana? Ali vimos um retrato do descaso do governo para com os moradores assim como a irresponsabilidade de uns moradores em habitar, de forma consciente, locais de extremo perigo. Resultado? Uma catástrofe que ceifou milhares de vítimas entre homens, mulheres e crianças. E de quem é a culpa? O governo diz que não é dele... A população? Muito menos.

É mais fácil para o governo apontar a vítima como o executor assim como é mais fácil para o cidadão que ignorou tal perigo apontar o governo como o grande vilão. E por ai vai... Vemos isso dia a dia. Impostos sobem na mesma  proporção que o trabalhador os sonega, acidentes de trânsito em decorrência de vias mau sinalizadas na mesma proporção dos procedentes de imprudências do condutor, hospitais em más condições para atender vítimas de auto medicação clandestina... Ou seja, um carrossel de acusações alimentado pelo mal da ''A culpa não é minha''.  Como diria o coronel Jesuíno Mendonça, ''Prepare-se promiscua pois vou lhe usar!'' Mas a culpa não é minha...

Pedro Cyro

2 comentários:

  1. No Brasil é sempre mais fácil passar a culpa pra alguém. Ninguém assume responsabilidade. É fácil colocar a culpa na mulher de saia e top... No motorista.
    Um exemplo desse tipo é a notícia q saiu recentemente em de acidentes q ocorrem na estrada entre bicas e Juiz de Fora, o governo decidiu encher a estrada de lombadas eletrônicas. O motorista q continue sofrendo com as estradas e que fique atento pq o governo quer mais ainda o dinheiro dele. Fazer isso é mais fácil que duplicar ou melhorar as condições das rodovias nacionais.

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    1. Exatamente meu amigo. Fora outros absurdos como jogar lixo e etc... Na minha humilde opinião, eu atribuo uma margem maior a própria população no que se diz respeito maioria dos problemas que a própria reclama. Ainda somos muito relapsos como um todo no que se diz respeito a sociedade. Vivemos a reclamar do sistema mas não contribuímos com o mesmo. Então na equação, má gestão + população sem consciência, temos como produto as principais manchetes dos nossos diários populares. Desgraça atrás de desgraça.

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